domingo, 14 de agosto de 2011

A ordem é colocar a mão

Conheça os espaços culturais paulistanos onde a interatividade é mais do que permitida, é obrigatória

Tocar, mexer, fuçar. Já foi o tempo em que museu era sinônimo de mãos para trás. Com a evolução tecnológica o comportamento humano mudou e com isso a interatividade começou a ser um dos requisitos principais para o aproveitamento de qualquer exposição.

Pensando em atrair este público tão exigente é que as instituições e espaços culturais vêm a cada dia, adaptando e introduzindo novas linguagens através de recursos multimídias no desenvolvimento educacional.

As paredes do edifício histórico instalado junto à Estação da Luz, coração do centro histórico paulista e ponto de chegada e partida de diversos imigrantes, foi estrategicamente escolhido para abrigar desde 2006 o Museu da Língua Portuguesa.

Tratando de um assunto não palpável, a instituição inovou dando ao espaço rústico um ar tecnológico através da tela de 106m de extensão onde projetores realizam simultaneamente a exibição de documentários que mostram a língua portuguesa no cotidiano e na história de seus
usuários.

Totens interativos, jogos etimológicos e vídeos cibernéticos fazem parte da estrutura do museu, que tem como grande destaque a Praça da Língua, um espaço multimídia composto por projetores e áudios levam os visitantes as origens do português falado no Brasil.

A coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Língua Portuguesa, Marina Satori acredita que a proposta educacional da instituição foi a melhor maneira encontrada para promover as reflexões a respeito da língua portuguesa e, consequentemente, da cultura brasileira. “A tecnologia usada pelo museu é uma ótima ferramenta nesse sentido, pois seu dinamismo e a rapidez de suas mudanças podem auxiliar na compreensão de que a língua é dinâmica e é um reflexo da sociedade que a utiliza”, analisa.

Outro espaço que utiliza artifícios modernos para compor seu acervo é o Instituto Itaú Cultural em São Paulo, que apresenta para seus visitantes exposições com recursos de vídeos interativos através de telas touch screen. Segundo a representante do setor de relacionamento cultural, Bruna Moreno, a utilização de diversas mídias é a grande proposta da instituição. “O Itaú Cultural tem como foco a arte contemporânea e tecnológica que além de disponibilizar um conteúdo mais completo com materiais digitalizados, complementam a relação entre obra, artista e visitante”, garante.

Bienalmente, o instituto realiza o projeto Emoção Art.Ficial que através da apropriação das novas tecnologias inova com obras excêntricas. Na 4ª edição foi apresentado ao público um robô feito de aspirador de pó acoplado a câmera de vigilância, que reagia a quem se aproximasse. Outra invenção instigante foi apresentada na 5ª edição. Neurônios de rato reproduzidos em laboratório sentiam a presença dos visitantes por meio de sensores controlados diretamente dos Estados Unidos. Através dos comandos, os braços de robôs desenhavam com lápis em tubos de PVC instalados em plena Avenida Paulista.

Para a atriz Maggie Abreu museu não é mais sinônimo de lugar conservador. Frequentadora assídua de espaços culturais ela vê na interatividade uma forma de debater idéias e impressões sobre as obras. “Os visitantes gostam de tocar, ouvir e interagir com todos os objetos o que acaba gerando também amizades. Muitas vezes temos que sentar no mesmo banco e utilizar a mesma tela com pessoas que nunca conhecemos na vida”.

Mantendo a nova tradição de São Paulo, em abrigar ambientes culturais em patrimônios históricos, o Catavento Cultural e Educacional é uma das mais novas instituições da cidade.
Dedicado à ciência e tecnologia, o espaço cultural foi instalado no antigo prédio da prefeitura da cidade, o Palácio das Indústrias.

Dividido entre os temas Universo, Vida, Engenho e Sociedade, o visitante é convidado a interagir com todo o acervo através de avançados recursos tecnológicos nas 250 instalações distribuídas em 4 mil metros quadrados. Desvendar os sons do universo, utilizar microscópios de alta tecnologia e realizar uma viagem em 3D pelas paisagens da cidade do Rio de Janeiro são apenas alguns dos atrativos espalhados pelo prédio.

Faz parte também da coleção da instituição, peças do Museu de Tecnologia de São Paulo, que em 2009 foi desalojado de seu prédio, próximo à Universidade de São Paulo (USP). Constituído por 36 peças, o acervo está instalado na área externa do museu. Entre as peças estão uma carroça-pipa com rodas de ferro, importada da cidade de Milão (Itália) datada de 1870 e utilizada na limpeza das vias de terra da cidade até o início do século 20, locomóveis, usados para gerar energia, e um avião DC-3, da década de 40.

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