terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pulando Degraus

Por Thatiane Ferrari
Com a falha do Primeiro Setor que não viabiliza maneiras de inclusão para as pessoas com deficiências, as Organizanções Não Governamentais vem a cada dia mais ganhando espaço com mobilizações que através de debates encontram soluções e melhorias em prol da causa, tornando-se porta-voz de toda uma população que sofre com a falta de acessibilidade e a exclusão social.

Com esse intuito, o 1º Encontro pela Inclusão do GAPD ( Grupo de Apoio a Pessoa com deficiência) está marcado para acontecer nos dias 13 e 14 de novembro no Gran Hotel Royal em Sorocaba – SP.O objetivo do evento é através de palestras abordar assuntos pertinentes ao paradigma da inclusão. Entre os palestrantes estará Marcos Vinícius Brizola, especialista em atividade física adaptada que levará ao debate o esporte como uma forma de reabilitação, e o Profº Romeu Sassaki, especialista em serviço social e em aconselhamento de reabilitação que traz o tema da inclusão social das pessoas com deficiência.

A frente da organização do evento está Leandro Portella, jovem de 28 anos que é vice presidente da Sorri Sorocaba, instituição que desenvolve projetos para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Há 10 anos ele viu sua vida mudar completamente enquanto “furava” uma onda em Ubatuba. Hoje, tetraplégico completo (movimenta apenas o rosto), Leandro vive esse grande desafio, mas não desanima. Apresentador do programa Acesso Livre na TW Mídia ( canal na web ), ao lado de Sandro Amaro comanda entrevistas e bate papos com pessoas especializadas em deficiências. “ O Acesso Livre é um programa onde os problemas e dificuldades das pessoas com deficiências e mobilidades reduzidas são debatidos com seriedade,bom humor e no foco constante da busca de soluções para melhorar a qualidade de vida de todos. Além dos problemas inerentes, também abordamos os pontos positivos da acessibilidade e da inclusão,” detalha.

Ele busca a sua independência financeira, além de apresentador e vice presidente da Sorri, é consultor de cosméticos. Já trabalhou também como atendente online de uma empresa ligada ao Second Life (ambiente de relacionamento na web que cria uma “segunda” vida virtual). Com o programa MOTRIX, através do comando de voz, ele utiliza o computador por um código específico, o alfabeto fonético de aviação . Ele explica que soletra as letras para escrever “ O a é alfa, o b é bravo, o c é charlie ...
O software é um projeto desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que disponibiliza o download gratuito pela internet. O mesmo Núcleo, desenvolve outro software de inclusão o DOSVOX , destinado para deficientes visuais.
Leandro Portella
“ Conscientização e Fiscalização, é o que falta para melhorar a acessibilidade em nosso país.”
Como qualquer jovem, Leandro sai muito com os amigos e dá preferência para bares que tenham rampas de acesso e espaço para cadeira de rodas.
Outro lugar que ele costuma frequentar é o cinema, porém a falta de adaptação das salas o incomoda. Segundo ele, os lugares reservados para pessoas com deficiência é na frente da tela, o que torna quase impossível ler a legenda.

A falta de acessibilidade, a superproteção dos pais e o próprio estado psicológico inibe o jovem com deficiência a ter uma vida normal. Leandro é um exemplo de garra e perseverança que deve ser seguido, mesmo com tantas adversidades “ Mesmo com a falta de recurso, acesso e da consciência do próximo, estamos conquistando nosso espaço. Tem tudo para melhorar, já estão acontecendo boas mudanças”. Ele luta pela sua qualidade de vida, não só perante a sociedade, mas a ele mesmo.

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